quinta-feira, 19 de abril de 2012

PERIPÉCIAS DE MIGUELITO


Ok, ok. Eu sei que demorei a escrever, perdoem-me. Mas a vida está muito corrida.

Sem mais delongas, uma pequena retrospectiva em números:

28 semanas de gestação, 720 gramas de peso. 1 cirurgia cardíaca. 1 de hérnia. 2 infecções sendo que uma delas trouxe a meningite. Ventilação mecânica por 90 dias (tubo). Pneumotórax (ar no tórax que deve ser drenado). 41 transfusões de sangue. Hipertensão pulmonar, trombose e finalmente 2 Hérnias. 5 meses de UTI Neo Natal.

Passados 8 meses de alta, uma nova internação. Mais 20 dias de UTI infantil e uma Bronquiolite.

Passou, passou. Miguel tem hoje 1 ano e 10 meses, 69 cm, e 6,950kg. Come como um dragãozinho, mas é magrelo como um pardal. Não chega aos sete quilos por nada nesse mundo.

Na cabeça, muito cabelo loiro (juro!), na boca apenas dois dentes (que chamo de “Os gêmeos”).

Adora cachorros e os chama aos gritos de “Ia-iá” (não me perguntem por que) e quase vira estátua assistindo a mala, porém útil: Galinha Pintadinha.

È sério, esses vídeos são bem bonitinhos e devem conter algum tipo de mandinga ou bruxaria porque realmente prende e paralisa a criança.

Mas, depois de assistir umas 385.427 vezes, você se pega cantando o tal do “pó-pó-pó-pó-póóó´” dentro do metrô, no ônibus ou mesmo no chuveiro. Fora a peste da “Mariana conta três, Mariana conta três: é um, é dois, é três! Ana, viva a Mariana...”

Tem também a praga da barata: “A barata diz que tem 7 saias de filó, é mentira da barata, ela tem é uma só: há-há-há, hó-hó-hó, ela tem é uma sóóó”. (escrevi as músicas só de sacanagem para vocês ficarem com elas na cabeça assim como eu).

A preferida dele é o tal do Pintinho Amarelinho. Aquele mesmo! - que cabe aqui na minha mão. Miguel aprendeu a mostrar que cabe na mão dele também. Ele faz o gesto com o dedinho direito encostando várias vezes na palma da mão esquerda. Uma graça.

Miguel adora música. Não resiste a um comercial de supermercado ou abertura de novela. É o suficiente para ele se ajeitar e começar a se balançar. Olha para gente mostrando os dentes gêmeos num sorriso e continua sua coreografia digna do “Seu Coisinha de Jesus”.

Na maioria das vezes a televisão fica no canal infantil e passamos as noites assistindo desde Backyardigans (os bonequinhos coloridos do quintal) e o tal do Barney - um dinossauro roxo meio afeminado, mas que canta umas músicas (bestas), então já viu...

A mim só resta deixar meu CSI e telejornais de lado para assistir a todos os monstrengos cantantes com meu filhote. E como toda mãe com filho nessa fase, orar para a Bendita Santa... A Santa Paciência, para assim decorarmos felizes todas as musiquinhas. Já que eles amam e elas ajudam na hora dos perrengues como trocar de roupa ou cortar as unhas.

O passarinho ainda não voa, mas está engatinhando. Essa era uma coisa que eu sempre sonhei. Acho lindo bebê engatinhando. E lá vai ele pela casa, sempre parando para abrir e fechar várias vezes qualquer porta que esteja pelo caminho. Abre gavetas e as esvazia com movimentos rápidos, para logo seguir em frente em busca da próxima novidade. E lá vou eu, recolhendo as coisas atrás dele.

Estou tentando ensinar a criatura a guardar tudo que bagunça. Mas é claro que desarrumar é muito mais legal e ele finge que não entende. Das 15 coisas que jogou para fora, guarda apenas uma e já me deixa falando sozinha. Como diria minha tia, me dando “o traseiro como resposta”.

É um safado. Estala os lábios e manda beijos. Dá tchau e cospe todo mundo mostrando a língua e soprando ao mesmo tempo, basta falar: Eca, Miguel, Eca !!!.

Quando a gente pede para ele pensar, leva as mãos e bate na cabeça como se estivesse desesperado com as contas que tem pagar.

Não pode ver um computador que já começa a gritar: “tê-tê, tê-tê!! É sério, porque ele sabe que ele vai ver a tal da “franga com pequenas manchas” (shiiiiiiu, ele não pode ouvir o nome real da coisa, ou vai começar a gritar pedindo: “tê-tê”.

E eu não estou podendo.

Agora é sério. São cenas bonitas de ser ver. Enche o saco todos aqueles desenhos musicais, mas no fundo é muito legal. Acompanhar todas as fases, tudo o que ele aprende, é de uma felicidade enorme.

Aquele projeto de gente, que quase morreu algumas vezes, está descobrindo o mundo. E eu vou junto com ele. Descobrindo tudo de novo. Só que dessa vez, através de seus olhos negros curiosos.

O prematuro segue seu curso. Devagar. No seu próprio ritmo. Mas a gente não tem pressa. Esse é o lado bom. Diferente das outras pessoas, meu filho vai ser bebê por mais tempo.

Então eu vou ter que aturar um pouco mais (com prazer) todos os monstros bizonhos que cantam. E vou cantar junto com eles, para alegria de Miguel, que se sacode em sua dança e me dá um enorme sorriso praticamente vazio.