ATUALIZAÇÕES
Depois de alguns anos sem dar notícias, hoje me
bateu uma vontade imensa de escrever. Eu sei, é muito. Mas nesse período muitas
coisas aconteceram e meu tempo foi ficando curto. Quando sobrava um espaço,
vinha o cansaço e eu não conseguia.
Enfim, sem delongas, vamos começar pelo básico. Continuamos morando em Niterói. Miguel
frequenta a escola no terceiro período (acho que algo como o antigo Jardim III),
fez amiguinhos e segue na luta (que vou me aprofundar mais tarde).
Eu parei de trabalhar para cuidar dele, tendo em
vista a demanda de especialistas e dedicação que ele precisa nesse momento
(também outro assunto a ser aprofundado).
Agora, vou explicar melhor.
Miguel vai completar sete anos no dia 20 de
junho.
Uma criança normal com essa idade, fala
perfeitamente, desenvolve raciocínios, argumenta, faz perguntas gerais para
entender o mundo e seus “porquês”. Pesa
em torno de 20 quilos e tem uns 115 cm de altura. Ainda não lê, mas está em
fase de pré-alfabetização.
Miguel ainda não fala muito bem. Se comunica em
terceira pessoa (Miguel quer, Miguel fez). Não raciocina linearmente, ou seja,
tem frases prontas para cada situação e as repete muitas vezes. Ainda não sabe
perguntar e se expressar de forma clara.
Miguel tem 13 quilos e 107 cm de altura.
Continua um Passarinho.
Mas isso é muita diferença. E por mais que se evite as
comparações com outras crianças, quando chega na escola, não tem jeito. Vem o
soco no estômago que você passou o tempo todo fugindo.
Nesse tempo sem escrever, como disse aconteceram
muitas coisas e a divisora de águas foi ser chamada na escola para uma reunião.
A Coordenadora Pedagógica expôs na minha cara o que eu já via em casa, mas estava
propositalmente deixando rolar. Queria ver se ele conseguia progredir sozinho.
Para mim, tudo não passava de prematuridade e uma hora qualquer tudo ia se
resolver.
Mas isso não aconteceu. Ela disse que ele não
acompanhava as outras crianças. Mandou eu procurar um neurologista, fazer
alguns exames e consultar outros profissionais para tentar ajudar.
E foi o que eu fiz. Foram vários especialistas,
alguns não deram certo. Ouvi muito absurdo, e até que se confie em alguém,
demora.
Entendam, nenhum dos médicos me disse o que eu
queria ouvir. Mas eu precisava de profissionais coerentes e confiantes para dar
um diagnóstico.
Nesse período perdi meu emprego e fui levando
Miguel aos médicos enquanto tentava me realocar.
Fomos a três neurologistas diferentes, três fonoaudiólogas,
um oftalmologista, duas endocrinologistas, uma nutricionista, uma psicóloga e
uma psicopedagoga. Ufa.
Para resumir: Miguel tem um estrabismo que é
acompanhado, tem uma Fono sensacional que mais parece uma terapeuta, uma
Psicóloga genial e sábia que salvou minha vida depois do “diagnóstico” (papo
para outro texto). E uma Neuro centrada que bateu o olho, mandou a real que
coincidiu com a mesma opinião da psicóloga (mas elas não se conhecem).
Conseguimos nos acertar e agora o trabalho é
outro. Mas esse papo fica para a próxima. A conversa é longa e complicada.
Só posso adiantar que as coisas mudaram. Eu
mudei, Miguel mudou. E me bloqueou a criatividade por um bom tempo. Muita
coisa para reaprender e um choque para assimilar.
Desculpem a falta de poesia no texto. Mas eu
precisava recomeçar de algum jeito e esse foi o mais simples e franco que eu
encontrei. E assim vou permanecer com simplicidade e sinceridade. Sem medo de
me expor ou ser julgada.
A Mãe de Passarinho voltou. E com histórias
para contar.